Opinião

Os artistas Christo e Jeanne-Claude (ambos nascidos em 1935) deixaram uma dos mais memoráveis conjuntos de obras dos séculos vinte e vinte e um, que marcaram nossas retinas e a história. Ele começou na década de 60 envelopando objetos ordinários, desencadeando então um processo extraordinário que transcendeu as fronteiras da pintura, escultura e arquitetura em projetos cada vez mais ambiciosos e de escala monumental. Quem não lembra do envelopamento do Reichstag em Berlim, da Pont-Neuf em Paris, os portais no Central Park de Nova Iorque ou os piers flutuantes do lago Iseo na Itália. Seus projetos levavam de duas a três décadas para se concretizar e desvencilhar as barreiras burocráticas, políticas e financeiras. O casal não aceitava patrocínio, custeavam tudo através das vendas dos desenhos, maquetes e plantas que constituíam tanto o processo como a visão final de suas obras efêmeras. As construções prontas existiam por volta de 15 dias, e depois eram desinstaladas e recicladas. A documentação era, afinal, o que permanecia.

No Palais Populaire, espaço de arte operado pelo Deutsche Bank em Berlim, o foco da exposição de Christo e Jeanne-Claude são os projetos de 1963 a 2020, dentro da coleção particular de Ingrid e Thomas Jochheim, um de seus maiores compradores na cidade. Desde 1995 eles colecionam as obras do casal, e se orgulham de ter pelo menos um original de cada um dos 47 grandes projetos de Christo, sejam eles realizados ou não. 

Jeanne-Claude faleceu em 2009 e recentemente Christo nos deixou em 31 de maio de 2020. Em vida eles sempre deixaram bem claro que sua obra continuaria após suas mortes. Sua maior retrospectiva até então abrirá em breve no Centro Pompidou, preparando terreno para um projeto que começou em 1962 e que finalmente será inaugurado em setembro de 2021 – durante 16 dias o Arco do Triunfo permanecerá embalado em 25.000 metros quadrados de tecido azul metálico e 7 mil metros de corda vermelha. 

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