Opinião

Bora merendar – Totonho Laprovitera

A Reginaldo Vasconcelos.

“Nem só de pão vive o homem. Vive de pão e de crédito.” (Machado de Assis)

Pra quem não sabe, desde o tempo do bumba, ou seja, de antigamente, merendar é a mesma coisa que lanchar. Quer dizer, significa fazer uma pequena e ligeira refeição. Pela manhã, à tarde, noite ou madrugada, do faminto ela sempre tira a barriga da miséria.

A merenda pode ser achada nos mais diversos estabelecimentos de venda de alimentos. Deles, dentre os inúmeros espalhados por Fortaleza, eu apontarei apenas os quais eu me recordo agora, e sem seguir a ordem cronológica.

Teve uma época em que um dos lugares mais procurados da Cidade para se merendar era o Abrigo Central, na Praça do Ferreira. Foi lá onde uma apreciada vitamina ficou famosa e teve seu nome incorporado ao de seu autor, que virou o popular Pedão da Bananada!

Que me lembre, valia a pena merendar no Pega-Pinto do Mundico, na Loja de Variedades, Leão do Sul, Miscelânea, e Lobrás – a “4 e 400” – onde havia a primeira escada rolante de Fortaleza. Ainda tinha a lanchonete Azteca e a cantina das irmãzinhas da Igreja das Missionárias. Também, Casa D’Itália, Di Caura, Tops, Bembom, Jairo, Kaco, Lojas Americanas, Balu, Barbras, Well’s, as carrocinhas de cachorro-quente e os bem temperados “cai-duros” do Estádio Presidente Vargas.

Agora, neste mote de merenda, quem fez muito sucesso foi o trailer do Gaúcho, na avenida Beira Mar. Os sanduíches “meat com” (pão bola, hambúrguer, queijo prato, ovo, tomate, alface e maionese), “meat sem” (pão bola, hambúrguer, queijo prato, tomate, alface e maionese) e “passaporte de galinha” (pão de cachorro quente, galinha desfiada, ervilhas, queijo ralado e maionese), com o molho especial, de receita guardada a sete chaves, davam água na boca dos que pertenciam às classes média e alta da capital alencarina nos anos 70.

E era assim. Da boquinha da noite até altas horas da madrugada, os esfomeados rueiros formavam e enfrentavam uma fila do tamanho dum bonde para serem servidos. E olha que, pra época, os preços eram salgados – ou eu achava assim mode a liseira? Falando nisso, lembrei agora de um sujeito, bem nutrido de peso e grana, que para fazer inveja aos demais, entre goles de refrigerante e sonoros azedos arrotos, saboreava um sanduíche atrás do outro.

Salvo engano, o Gaúcho ocupou uns três pontos na avenida Beira Mar. Talvez, também tenha ocupado o térreo do Shopping Center, um pequeno centro comercial situado defronte ao Center Um, na avenida Santos Dumont. Não sei. Sei, que o velho trailer terminou estacionado numa base de alvenaria, na ladeira de uma rua de esquina da Beira Mar, bem próximo à Volta da Jurema, lá pelo final dos anos 80.

Vixe, além de saudade, agora me bateu foi uma fome lascada. Então, bora merendar, porque o resto é conversa fiada!

Uma resposta para “Bora merendar – Totonho Laprovitera”

Deixe uma resposta

Compartilhe

VEJA OUTRAS NOTÍCIAS