Opinião

O artista Alex Flemming habita e transita entre Berlim e São Paulo. Ele é talvez o brasileiro mais alemão que eu conheço, viveu intensamente a história de Berlim da década de 1980 até hoje. Contudo, ele nunca perdeu a paixão pelo Brasil, suas raízes ou o fio da realidade com o País. Desde 2022 ele resolveu voltar sua atenção de fato ao território brasileiro, ou o que alguns chamam de “Brasil profundo”, numa série de incursões e roteiros aventurosos, com a regra autoimposta de se deslocar somente por meio viário ou aquático, nada de aviões.

Em agosto e setembro do ano passado ele visitou a Amazônia Legal, começando no simbólico município de Oiapoque, Amapá, passando por diferentes tribos indígenas. Em março e abril deste ano ele retomou seu roteiro – Tucuruí, Serra Pelada, entrando pelo Nordeste. No Ceará ele fez questão de visitar a região do Cariri, onde no Crato aproveitou para proferir fala pública na Universidade Estadual do Cariri com o apoio do Instituto Sérvulo Esmeraldo. 

Em sua passagem por Juazeiro do Norte, bem na época dos festejos do aniversário de Padre Cícero, ele escreveu: “Na noite do dia 23 para 24 de março ocorre uma grande festa popular, pois 24 é o aniversário do Padim. Esse ano ele faria 179 anos e, portanto, na frente da igreja do Socorro, onde está enterrado, há um bolo descomunal de 179 metros que é distribuído para a população. Aliás, as pessoas acorrem a essa praça aos milhares numa alegria genuína, e eu não consegui ter uma ideia aproximada do tamanho da multidão. Era uma noite linda, com um calor de Arábia Saudita, e as pessoas esbanjavam sorrisos cantando e dançando pelas calçadas. Muitas levam o seu bolo-para-o-Padim feito em casa, numa espécie de competição para se ver qual o mais bonito ou mais enfeitado (todos eles com uma estatuazinha do Santo em cima da cobertura). Pontualmente à meia-noite há fogos de artifício e a cidade inteira canta Parabéns pra Você. É contagiante: bati palmas e cantei também”. 

Quais os próximos passos e o que resultará dessas expedições do artista viajante, ainda não pode-se dizer ao certo. É certo que, desde já, é construída uma potente expectativa.