A Gérson Linhares.
“Tanto quero o pão, como o vinho, a fantasia e a realidade.” (Cazuza)
CONCHA DE FORTALEZA – Reza a lenda que o índio Alitá, pescador de uma pequena tribo do Mucuripe, há muito tempo cultivou o costume de presentear os bons visitantes com conchas encontradas à beira mar, em Fortaleza.
Alitá acreditava que a concha tinha o poder de trazer o visitante de volta ao lugar para devolvê-la ao mar a que pertencia. Sendo devolvida, ele presenteava o visitante com uma outra concha e desse modo estabelecia um ciclo de infindáveis visitas.
Esse é um dos princípios do cearense ser chamado de povo hospitaleiro.
A VIRADA – De alma andante e espírito curumim, sonhando, em instante de encantamento com a constelação Setestrelo, o índio Alitá recebeu um divino chamamento para proteger os bichos do árido sertão cearense. Aí, ele decidiu mudar de vida e foi viver em uma velha oca distante e abandonada, lá pelos cafundós do Vale do Jaguaribe. Porém, chegando ao destino, o bom índio assombrou-se ao ver que o lugar era refúgio de um bando de temidos cangaceiros. Para escapar da involuntária intromissão, tornou-se um deles e, dado ao seu forte aperto de mão, virou Capitão Arrocha.
Mas não se adaptando ao modo de viver dos cangaceiros, batendo-lhe uma saudade medonha na calada da serena madrugada, Capitão Arrocha arrumou as trouxas e “capou o gato” de volta para o Mucuripe. Porém, arredio ao passar dos tempos, ao chegar encontrou uma Fortaleza crescida. Adotando os costumes locais, trajou-se de linho branco, assentou um chapéu de palha de carnaúba com longas abas no quengo e misturou-se com personagens típicos da cidade como Cabeção, Chagas dos Carneiros, Cheira-Dedo, Manezinho do Bispo, Mimosa e Zé Lapada.
CONVERSA PRA BODE DORMIR – Se tinha uma coisa que Capitão Arrocha não abria mão era a de, todo dia, ir ao Museu do Ceará trajado de cangaceiro para bater papo com o empalhado Bode Ioiô, um famoso caprino que zanzava pelas ruas centrais da cidade de Fortaleza na década de 20 do século passado, quando, comumente, era visto na companhia de boêmios e escritores que lhe davam cachaça para beber nos bares e cafés ao redor da Praça do Ferreira.
Pois bem. Capitão segredou a amigos que, desde menino véi, possuía a sobrenatural faculdade de falar com bichos, mesmo com os mortos. Dizia que passava horas a fio assuntando sobre curiosidades que eles revelavam acerca de suas vivências reais e das histórias criadas pelo imaginário popular.
Curiosamente, em 1996, Bode Ioiô teve o seu rabo surrupiado. Sobre o assunto, Capitão Arrocha ousou indagar ao folclórico Ioiô e ele o teria respondido: – “Espia, amigo, eu não tenho meu rabo pra fuxico, não!”
Foto: Reprodução via AP Após emocionar o público na cerimônia de abertura das Olimpíadas nesta sexta-feira (26), Céline Dion agradeceu a...
Foto: Anna Moneymaker/Getty Images/AFP O FBI confirmou, nesta sexta-feira (26), que o ex-presidente Donald Trump foi atingido na orelha direita por...
Em 2021 será inaugurado em Fortaleza o Museu do Bode Ioiô do Mascote Bode Ioiô e do educador Gerson Linhares. Apoio informação e parcerias 85 988359915 whatsapp Apoie essa boa ideia!
Interessante esse conto. O Brasil é enorme e cheio de contos e folclore; pena que isso quase não é ensina nas escolas a nível nacional Obrigado por compartilhar.