Nos anos 1990, projetei a residência de um casal amigo, quando tudo, com muito gosto, foi tratado cuidadosamente em cada mínimo detalhe da edificação, em um exercício arquitetônico sem par.
Concluída a obra, como tudo que é bem planejado, a casa ficou quão projetada foi. Uma beleza de trabalho.
Mas meses depois, por acaso, eu me encontrei com o cliente e soube do grande rebu ocorrido: quando ele foi obter o “habite-se” da casa na Prefeitura, constatou-se que a mesma havia sido construída no lote errado!
Pois é amigo, levantamos a nossa casa em terreno alheio…
Que coisa! E aí?!
E aí que eu entrei em parafuso!
Não é pra menos.
Mas esfriei a cabeça e localizei o proprietário do lote.
Falou com ele?
Falei. Perguntei se ele me venderia o terreno.
E ele?
Disse que não podia, porque o havia comprado como investimento para a filha.
E você?
Pedi para falar com a filha, mas ele disse que não adiantaria, pois ela só tinha dois anos de idade.
Vixe…
Aí, eu gelei. Mas me deu um estalo, decidi abrir o jogo e disse que havia investido tudo o que eu tinha na casa e que agora eu estava nas mãos dele.
E ele?
Ele me perguntou qual era o meu lote e eu disse que era vizinho ao dele.
Que mais?
Eu perguntei quanto ele queria pelo lote e ele me surpreendeu!
Como?
Disse que não me venderia, mas que eu fizesse a permuta dos lotes. Desde que todas as custas cartoriais corressem por minha conta!
Que cara bacana!
Demais!
Tá vendo como ainda tem gente decente no mundo?!
Pois não é?!
É, pensando bem, a humanidade ainda tem jeito.
Claro que tem! Taí uma prova disso!
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