Economia

Crisley Cavalcante
economia@ootimista.com.br

As vendas de veículos continuam crescendo no Ceará, mesmo diante do aumento nos preços em razão de fatores internos, como aumento da inflação e juros, e externos, a exemplo da escassez de insumos para a produção na indústria automobilística. De janeiro a abril, foram 31.573 unidades comercializadas pelas concessionárias do Estado, avanço de 8,09% em relação a igual período de 2021.

Já de março para abril, o avanço foi de 4,29%. Se comparado com abril do ano passado, porém, houve retração de 25,48%. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

O desempenho do setor está bem melhor que a média nacional, que registrou queda de 6,07% em abril deste ano (270.560 veículos novos), ante o mesmo mês de 2021. Já na comparação com março deste ano, o recuo foi menos expressivo (1,11%). De janeiro a abril de 2022, as vendas somam 996.900 unidades, 7,18% a menos que o observado em igual período do ano passado.

Reflexos

Ocorre que o segmento vive, na verdade, uma crise, provocada pela alta da inflação e efeitos da pandemia de covid-19, que provocou a escassez de matéria-prima para a produção, em especial a de semicondutores ou chips. Segundo dados da Kelley Blue Book Brasil (KBB), os preços dos carros novos tiveram aumento médio de 9% ao longo de 2021.
Só em fevereiro deste ano, houve alta nos preços de veículo novos, seminovos e usados, com reajuste médio de 0,25%, menos do que os 1,36% registrados em janeiro.

Para se ter uma ideia da inflação no preço dos veículos no Brasil, o modelo Chevrolet Onix Hatch Activ 1.4, ano de fabricação 2019, custa em média de R$ 76.642 atualmente. Em junho do ano passado, o valor era R$ 65.329 Os dados são da tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), considerada o principal índice para a negociação de carros no País.

Impasse

O vice-presidente da Fenabrave no Ceará, Lewton Monteiro Júnior, observa que, apesar da alta nas vendas de veículos novos no Estado, o mercado ainda sofre com a falta de reposição das peças. Por isso, enquanto o impasse perdurar, os preços continuarão altos.

“Não adianta ter aumento na procura por veículos se não há produtos suficientes para atender à demanda. O segmento ainda sofre muito por conta da indisponibilidade de peças por parte das montadoras. Essa situação é potencializada pelo atual lockdown na China e pela guerra entre Rússia e Ucrânia, problemas que afetam a logística desses produtos, deixando o mercado desabastecido”, afirma.

Cenário

Na avaliação do economista e membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Wandemberg Almeida, a volta das atividades econômicas praticamente ao normal aumenta a confiança do consumidor, que fica mais disposto a comprar, apesar do aumento da inflação e dos juros no Brasil, bem como da ainda elevada taxa de desemprego.

“A renda das pessoas está mais estabilizada e isso fortalece setores como a indústria e o comércio. Elas estão mais dispostas a consumir bens como veículos. Estamos tendo no mercado global esse problema de falta de matéria-prima para a entrega desses bens, mas acredito que o setor está retornando ao norma e, por isso, o mercado tende a seguir aquecido e melhorar” daqui para o fim deste ano, avalia.