Indústria do Estado impulsiona os resultados dos principais setores da economia, com crescimento de 4,5% em maio e 25,3% de avanço no acumulado deste ano, segundo o IBGE. Comércio e serviços, embora com índices menores, também mostram tendência de recuperação
Giuliano Villa Nova
economia@ootimista.com.br
Entre os principais setores que compõem a economia cearense, o industrial é o que tem apresentado os melhores resultados neste ano e também o que tem mais chances de liderar a recuperação do mercado local ainda em 2021. Os segmentos de comércio e serviços ainda estão com desempenho inferior no Estado, mas também podem ganhar impulso, nos meses finais do ano, em razão da retomada da economia nacional.
“A economia estadual não está dissociada da economia nacional. O País mostra, através dos indicadores do Produto Interno Bruto (PIB), que estamos em um período de recuperação. Há quem estime essa alta em 5%, ou pouco para mais ou para menos. Nesse ritmo, o Estado e o Nordeste vão crescer como um todo. É verdade que o ritmo no Ceará tem sido mais favorável, pois temos crescido acima da média nacional. Creio que esse ritmo vai ser mantido, ou seja, o Estado como um todo vai crescer acima da média nacional, ainda em 2021”, avalia o economista Roberto Pontes.
De acordo com os levantamentos mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria cearense apresentou uma alta de 4,5% em maio, na comparação com abril desde ano. Naquele mesmo mês, em relação a igual período de 2020, o crescimento foi de 81,1%. No acumulado do ano (janeiro a maio), soma 25,3% de alta. Já nos últimos 12 meses, o aumento é de 10,8%.
Comércio e serviços
Em maio deste ano, os setores de comércio e serviços estiveram abaixo em quase todos os parâmetros de comparação. O único período em que o comércio teve resultado superior foi justamente no crescimento de abril para maio, quando alcançou índice de 9,4% (o da indústria foi 4,4%). Ainda assim, o setor varejista teve bons números: alta de 28,3% ante o mesmo mês de 2020; aumento de 5,1% no acumulado do ano e de 3,3% nos últimos 12 meses, segundo o IBGE.
Já o setor de serviços demonstra, pelos números, que segue como o mais prejudicado pela pandemia. Em maio, avançou apenas 2,3% em relação a abril, alcançou 25,4% na comparação com maio do ano passado, além de 2,8% no acumulado do ano, mas acumula de 8,4% nos últimos 12 meses.
“O setor que começa a se mexer primeiro é o industrial, em razão do movimento do consumidor em buscar alguma forma de comprar, por meio de alguma melhoria da renda, a exemplo dos auxílios emergenciais ou da liberação do FGTS. São mecanismos que têm proporcionado à população recursos para consumir”, analisa Roberto Pontes.
“Uma vez que tenha recurso, a população precisa de produtos, que são ofertados, em geral, pela indústria. Na sequência, em termos de crescimento, virão o comércio e os serviços”, reforça o economista.
Desempenho
O resultado alcançado em maio pelo setor industrial cearense foi o melhor do ano até agora. Depois de três meses de queda, de janeiro a março (com índices negativos de, respectivamente, 1,5%, 7,1% e 18,1%), ocasionados principalmente pelos lockdowns do início de 2021, o segmento voltou a avançar em abril, com índice de 3%. O desempenho de maio da indústria do Ceará foi o terceiro melhor do País e ficou acima da média nacional (1,4%).
“Essa recuperação tem sido impulsionada pelo próprio ânimo da economia e, principalmente, pela liberação do retorno às atividades da economia. Também devemos lembrar que a pauta das exportações cearenses, tanto para outros estados como para fora do país, tem sido motivo de comemoração. Tudo isso acaba resulta em um crescimento maior e melhor do que a média nacional”, diz o economista Roberto Pontes.
Na análise do economista Vicente Férrer, membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), as modificações propostas pelo governo federal nas esferas tributária e fiscal serão fundamentais para a retomada do crescimento nos meses finais do ano. Daí a perspectiva de melhoras no mercado brasileiro, em relação ao primeiro semestre.
“Para o segundo semestre, a situação é bem diferente. As mudanças propostas pelo governo federal serão essenciais, com a reforma tributária e administrativa, além das privatizações. Esse panorama faz com que o projeto voltado para o desenvolvimento econômico do Brasil esteja em andamento, independentemente de questões políticas”, observa. “A pandemia também deve ser reduzida, por conta da vacinação. Por esses motivos, até o fim deste ano, estaremos vendo um retorno geral das pessoas às atividades econômicas”, acrescenta.
Roberto Pontes também confia no aquecimento da economia a partir do retorno gradual e completo dos três setores. “Evidentemente, deveremos esperar uma retomada gradual, não altas impactantes ou surpreendentes. A retomada vai acontecer gradualmente, embora em um ritmo mais acelerado. Lembrando que a recuperação dos níveis de emprego deve acontecer por último, após a indústria, o comércio e os serviços responderem favoravelmente”, destaca.
abr-mai mai-mai jan-mai 12 meses
INDÚSTRIA 4,4% 81,1% 25,3% 10,8%
COMÉRCIO 9,4% 28,3% 5,1% 3,3%
SERVIÇOS 2,3% 25,4% 2,8% -8,4%
Fonte: IBGE
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