Economia

Pix completa um ano transformando as relações de consumo no Brasil

Criado no Brasil há um ano pelo Banco Central, o novo sistema de pagamentos segue crescendo e ganhando outras funcionalidades. Os números revelam que o Pix veio para ficar, facilitando transações financeiras entre agentes econômicos e desburocratizando o consumo

A empreendedora Rosa de Lima mora em Fortaleza e comemora as vantagens que o Pix trouxe para a venda de seus produtos (Foto: Edimar Soares)

Crisley Cavalcante
economia@ootimista.com.br

“Pagar com o Pix”, “me passa o Pix” e “aceita Pix?” tem sido frases cada vez mais corriqueiras na vida dos brasileiros. Desde as transações econômicas simples às mais complexas, há um ano é possível utilizar essa ferramenta no shopping, na praia, na praça, com o pequeno comerciante ou até mesmo no supermercado pequeno do bairro.

A empreendedora Rosa de Lima Cavalcante, 52 anos,  mora em Fortaleza e vende vestuário feminino. O Pix a ajudou muito no momento de receber o dinheiro. “Muitas clientes queriam comprar apenas uma peça, algo de pequeno valor. E o Pix facilita, pois recebo o dinheiro na hora, sem custo da transação econômica para a cliente. Às vezes, eu perdia venda porque a cliente não queria pagar taxa ao banco, principalmente quando era diferente do meu. Considero algo muito positivo, além de prático e de fácil manuseio”, diz.

A ferramenta, lançada no dia 16 de novembro 2020 pelo Banco Central, se popularizou tanto que os números mostram um salto no uso da ferramenta: crescimento de 639% na quantidade de usuários, passando de 13,7 milhões de pessoas físicas no mês em que entrou em operação para 101,3 milhões em setembro deste ano. O sistema já está entre os principais meios de pagamento dos brasileiros, disputando com cartões de crédito, débito e dinheiro em espécie.

Desde a chegada do Pix, segundo o Banco Central, foram cadastradas 330,8 milhões de chaves (CPF, e-mail ou número de celular), somando 1,04 bilhão em transações de pessoas físicas e jurídicas, R$ 559 milhões de valores transferidos, 101, 3 milhões de clientes pessoas físicas e 7,6 milhões de clientes pessoas jurídicas.

Desburocratização

“O Pix aprimorou e otimizou as relações econômicas ao desburocratizar o consumo, as transações financeiras entre os agentes econômicos, facilitado os processos de compra e venda de produtos e serviços. A economia brasileira ganhou muito com esse tipo de ferramenta”, afirma o economista Davi Azim.

Ele observa ainda que a ferramenta também gerou acesso para algumas pessoas que não tinham como realizar transações, até pelo fato de não terem contas bancárias. “É muito importante para a dinâmica econômica do País. Precisamos desonerar cada vez mais o consumo, trazendo mais facilidade ao cliente”, destaca.

Criado pelo Banco Central e disponibilizado pelas instituições bancárias e fintechs, o Pix surgiu para preencher uma lacuna de transferência bancária instantânea e disponível 24 horas por dia e sem custos para pessoas físicas. No caso de empresas, a taxa varia entre cada banco, mas fica entre R$ 0,50 e R$ 10.

O Banco Central tem efetuado algumas mudanças no sistema, como a limitação de transações a R$ 1 mil no período da noite. A finalidade é reduzir situações de risco. Contas especificadas previamente, no entanto, poderão receber Pix com valores superiores aos R$ 1 mil determinados como limite para o horário das 20 às 6 horas. Além disso, as transações suspeitas podem ser retidas por 30 minutos durante o dia e por 1 hora no período da noite.

Mudanças previstas

Em setembro deste ano, o Banco Central anunciou dois novos produtos para o Pix: o Pix Saque e o Pix Troco, que serão implementados a partir do próximo dia 29 de novembro, com limitação de valor: R$ 500 durante o dia e R$ 100 das 20 às 6 horas.

O Pix Saque funcionará de forma semelhante a um saque bancário tradicional, por meio do qual o cliente precisará fazer a transação para qualquer loja ou caixa eletrônico que ofereça o serviço, a partir da leitura de um QR Code. Assim, a pessoa terá acesso ao dinheiro em notas. Estabelecimentos comerciais e caixas eletrônicos poderão oferecer o saque.

A diferença para o Pix Troco é que o dinheiro em espécie pode ser sacado durante o pagamento de uma compra no estabelecimento. O Pix, então, seria no valor composto pela compra em si mais a quantia a ser sacada. No extrato, os dois valores serão discriminados.

No mês passado, foram 40,7 milhões de transações no Estado (Foto: Agência Brasil)

Mais de 4 milhões de pessoas usam o sistema de pagamentos no Ceará

No Ceará, 4,03 milhões de pessoas físicas já possuem Pix, sendo 196.673 pessoas jurídicas, segundo o Banco Central. Só em outubro deste ano, foram movimentados R$ 13,90 milhões por meio da plataforma, crescimento maior que 2.000% em relação ao valor movimentado em novembro de 2020 (R$ 624,13 mil). No mês, foram 40.757.195 milhões de transações, a maior desde o início das operações.

No contexto de novas funcionalidades previstas para o Pix, há ainda outras mudanças na agenda do Banco Central a serem efetuadas no Pix até ano que vem, entre as quais a conta salário Pix, modelo utilizado apenas para efetivação de pagamentos salariais; o Pix Cobrança, que permitirá a pessoas jurídicas a realização de cobranças de valores com datas futuras; o Pix Agendado, que permite ao pagador agendar um pagamento ou transferência com data futura utilizando uma das suas chaves; e o Mecanismo Especial de Devolução, que dá agilidade ao retorno de valores em casos de suspeita de fraudes.

Aproximação

Além disso, o Banco Central disponibilizará também o iniciador de pagamento, cuja função permitirá que empresas responsáveis por iniciar uma transação de pagamento a pedido do usuário se tornem participantes do Pix, o Pix por Aproximação. A ferramenta é semelhante aos demais pagamentos por aproximação já existentes, mas com valores movimentados entre as contas instantaneamente e o pagamento offline.

Funcionará como uma espécie de cartão pré-pago, em que o usuário poderá aproximar o cartão de um dispositivo online e transferir a quantia desejada para a ferramenta offline.

Outras mudanças a serem efetivadas é o Pix Garantido, permitindo o parcelamento de compras, mas com a liberação imediata do valor ao recebedor tão logo a parcela seja quitada, e o Débito Automático no Pix, no qual os pagamentos recorrentes serão debitados da conta do pagador e transferidos instantaneamente para a conta do recebedor.

Desde o seu lançamento, o Pix tem se mostrado uma importante oportunidade para o Brasil reduzir a necessidade do uso de dinheiro em espécie em transações comerciais e os altos custos de transporte e logística de cédulas, que totaliza cerca de R$ 10 bilhões ao ano. Adicionalmente, o Pix tornou-se uma importante ferramenta para impulsionar a bancarização no país, trazendo novos clientes para o sistema financeiro.

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