Economia

Venda de veículos novos acumula aumento de 22,6% no Ceará neste ano, diz Fenabrave

De janeiro a setembro, foram 80.771 unidades vendidas pelas concessionárias do Estado, contra 65.837 em relação a igual período de 2020. Considerando apenas automóveis, o avanço foi de 10,59%, com o total de 26.716 carros comercializados

Setor está conseguindo recuperar as perdas causadas no período mais crítico da pandemia (Foto: Edimar Soares)

Giuliano Villa Nova
economia@ootimista.com.br

As vendas de automóveis novos no Ceará cresceram 10,59% no acumulado de janeiro a setembro deste ano, em relação a igual período de 2020. O número saltou de 26.716 para 24.157 unidades comercializadas. Entre todas as categorias de veículos – comercial leve, caminhão, ônibus, moto, implemento rodoviário e outros – o aumento foi ainda mais representativo, de 22,68%, passando de 65.837 para 80.771 unidades. Os dados foram divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e confirmam mais um indício de reaquecimento da economia, apesar da base de comparação baixa.

Na comparação com agosto, a venda de veículos recuou 5,33% no Estado no mês passado, e de 22,55% ante setembro de 2020. “Em 2020, tivemos uma queda muito grande nas vendas. Foi o período em que houve os maiores efeitos sobre o comércio e a indústria, especialmente a de veículos. Por isso, o aumento deste ano, em grande parte, se justifica pelo baixo desempenho do mercado no ano passado. Conseguimos recuperar em parte neste ano, mas tínhamos a previsão de crescer 25%”, diz Lewton Monteiro Júnior, vice-presidente da Fenabrave Ceará.

De acordo com ele, o fator que está impedindo um crescimento ainda maior do segmento neste ano é a falta de componentes. “A indústria ainda atravessa um problema de fornecimento muito sério, principalmente de semicondutores, afetado também pela logística e pela falta de outros insumos. O setor está fazendo um esforço muito grande para evitar a quebra de produção, mas várias plantas industriais estão paradas, deram férias coletivas, por conta da falta de produtos. São poucos fabricantes de semicondutores no mundo, que também precisam atender à demanda da indústria de eletroeletrônicos, que teve um aumento muito grande na demanda, por conta da pandemia”, reforça.

Condições favoráveis

A não ser pela questão da cadeia produtiva, as condições para a compra de veículos no mercado estão favoráveis aos consumidores, observa o economista Fábio Castelo Branco, membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE). No entanto, é preciso estar atento ao comportamento da taxa básica de juros (Selic).

“As taxas de juros para a compra de veículos novos e seminovos estão com viés de alta. Com o aumento da Selic, hoje no patamar de 6,25%, as taxas de financiamento também sofreram aumento e estão entre 1,5% e 2%, para veículos seminovos, e próximo de 1% a 1,2% para veículos novos. Nesse tipo de financiamento, o bem entra como garantia”, analisa Fábio Castelo Branco. “Em um primeiro momento, se a elevação da taxa de juros for controlada, não vai trazer tanto impacto nas vendas. Mas se ela continuar se elevando, o mercado pode sofrer uma queda ou estagnação nas vendas”, observa.

Lewton Monteiro Júnior ressalta que um aspecto favorável para a comercialização de veículos é a grande disponibilidade de crédito. “Os bancos estão com muitos recursos para emprestar, o crédito continua farto para a indústria automotiva. E em relação aos juros, eles ainda estão abaixo de dois dígitos, uma variação aceitável para as padrões brasileiros, porque quando o consumidor faz um financiamento, a taxa fica congelada, não corre o risco de aumentar, ao longo o tempo”, diz.

Para 2022, a projeção é positiva, caso a indústria consiga resolver o gargalo do fornecimento de peças. “Toda a indústria está trabalhando para isso, embora seja uma situação em que a expectativa real é que se normalize a partir de meados do ano que vem. Nossa projeção, para esse ano, em termos nacionais, é de termos um crescimento de 11% em relação ao ano anterior”, estima.

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