Alta da Selic, hoje em 6,25% ao ano, não inibe aquisição de imóveis pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) no Estado. De janeiro a agosto deste ano, foram 10.819 unidades financiadas, somando R$ 2,23 bilhões, avanço de 138% ante 2021
Giuliano Villa Nova
economia@ootimista.com.br
O ciclo de alta na taxa de juros da economia (Selic) pode ser prejudicial para diversos segmentos do mercado, mas um deles, até o momento, não foi afetado pela política econômica do governo: o de financiamentos de imóveis no Ceará. Pelo contrário. Justamente nos meses mais recentes, quando a Selic tem registrado as maiores altas desde 2019 – atualmente em 6,5% ao ano –, os números de unidades e de montantes financiados pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) têm subido no Estado: de janeiro a agosto deste ano, foram 10.819 unidades financiadas, em um total R$ 2,23 bilhões, avanço de 138% em relação a igual período de 2020.
“Nós passamos quatro anos com poucos lançamentos, de 2015 a 2019, e em 2020, quando iríamos recomeçar um ciclo de lançamentos, veio a pandemia. Foi um período de incerteza, ao longo do ano passado, quando foram vendidos muitos estoques das construtoras. Só tivemos lançamentos neste ano, então, as vendas que ocorreram em 2021 são em decorrência do baixo estoque do mercado”, analisa Patriolino Dias, presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE).
Demanda reprimida
“A demanda reprimida é muito grande, por isso, a alta da taxa de juros não deve ser tão prejudicial, porque os financiamentos bancários já projetavam, desde o ano passado, um certo aumento da taxa de juros. Os contratos já tinham financiamentos com essa previsão de taxa. Projetamos que o mercado imobiliário cearense, em relação a 2020, em termos de volume de vendas, deve ter um aumento de 15%, chegando a R$ 2,25 bilhões”, completa.
“Isso é o mercado aquecido. Estamos iniciando um ciclo virtuoso como nunca visto antes. A pandemia fez as pessoas pouparem e, ao mesmo tempo, buscarem algo melhor para suas famílias, em especial, um imóvel melhor. Além disso, a instabilidade política, aliada a uma taxa de juros, embora crescente, mas em níveis bem abaixo da série histórica nacional, leva o investidor a procurar um ativo sólido, seguro e rentável. Este ativo só tem um nome: o imóvel”, reforça Ricardo Bezerra, sócio-diretor da Lopes Immobilis.
Previsões
De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), em agosto, foram financiadas 1.379 unidades no Estado, totalizando R$ 305,05 milhões – alta de 86,6% em quantidade de imóveis e de 84,16% em volume de investimento. Para a economista Izabel Colares, membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), a expectativa é positiva para o restante do ano, mas o crescimento dos financiamentos não deve ser tão acelerado como ocorreu de janeiro até agora.
“De certa forma, o mercado chega a um ponto de exaustão. As pessoas compraram muito. Não vai deixar de haver financiamento, mas não com essa taxa tão exorbitante, de quase 140% de crescimento. Além disso, espera-se algum aumento na taxa de juros, e isso deve trazer algum impacto”, projeta. “Em relação a um financiamento, não se trata apenas do percentual fixado pelo governo: na assinatura do contrato, estão incluídos outros valores, como seguro e outras taxas bancárias”, afirma.
Maio foi o melhor mês do ano para o setor em volume de imóveis financiados no Ceará, com 1.552 unidades comercializadas. O melhor desempenho em valores foi registrado em junho, somando R$ 309,1 milhões. “A maioria das vendas de apartamentos e casas é para moradia. E a maior parte, cerca de 70% ou mais, das vendas imobiliárias ocorrem através de financiamento bancário. Daí o aumento dos financiamentos”, observa Ricardo Bezerra.
Para Patriolino Dias, no entanto, é preciso estar atento aos movimentos da equipe econômica do governo e ao comportamento do próprio mercado. “A gente espera que não haja uma escalada da Selic tão grande, de agora em diante. O mercado vai continuar aquecido. Como os estoques estão baixos, os consumidores estão buscando seu imóvel agora, que é o melhor momento para fazer negócio”, destaca.
1. Planejamento é a chave de um bom negócio. Busque produtos que sejam compatíveis com sua renda, no longo prazo: o ideal é que o financiamento não comprometa mais do que 30% do orçamento.
2. Pesquise as melhores oportunidades, junto às construtoras e aos bancos: pesquise em diferentes instituições e identifique aquela que melhor atende às suas necessidades e ao perfil do imóvel que você deseja.
3. Utilize simuladores de crédito, que auxiliam muito na projeção da compra.
4. Algumas instituições financeiras possuem convênios com empresas públicas e privadas; verifique se o local onde você trabalha possui algum tipo de parceria com agentes de crédito.
5. Agilize o processo, separando toda a documentação necessária para o fechamento do negócio.
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