Economia

Do Centro Fashion a Monsenhor Tabosa: a reconfiguração do turismo de compras em Fortaleza

Além das opções de lazer e gastronômicas, cada vez mais, a capital cearense se consolida no Brasil como um destino turístico também favorável às compras. Nessa rota, o Centro Fashion Fortaleza é um dos empreendimentos que conquistam a preferência dos visitantes

Lilia Abreu é proprietária da loja Blogueirices, localizada no Centro Fashion Fortaleza, e comemora o aumento nas vendas (Foto: Edimar Soares)

Crisley Cavalcante
economia@ootimista.com.br

A empresária Lilia Abreu está sorrindo à toa. As vendas de sua loja, localizada no Centro Fashion Fortaleza, no bairro Jacarecanga, estão de vendo em popa. O aumento do movimento começou a ser sentido a partir de setembro do ano passado e ganhou força no primeiro bimestre ano, com aumento de 300% se comparado a igual período de 2021. Quase 60% desse movimento tem sido impulsionado por visitantes que chegam a Fortaleza e incluem o lugar como rota turística, beneficiando o turismo de compras na capital cearense.

“Tivemos, de fato, uma intensificação nos dois primeiros meses do ano. Atendemos de quarta a sábado muitos turistas de todas as regiões do Brasil. Esse aumento vem sendo notado desde o ano passado. Acreditamos que isso ocorreu também por conta da retomada das atividades econômicas. Assim, houve melhora para o comerciante, o que é muito importante, porque nosso setor foi muito prejudicado por conta da pandemia”, diz ela, que atua no centro de compras há quatro anos e meio.

A expectativa da lojista para este ano ano continua sendo as melhores. “Nosso faturamento aumentou cerca de 80%. O desenvolvimento do turismo e rotas turísticas voltadas para o Centro Fashion tem sido fundamental para impulsionar o comércio”, avalia Lilia, proprietária da tshirteria Blogueirices.

Recuperação

Em todo o Centro Fashion, o turismo de compras cresceu cerca de 135% no primeiro bimestre deste ano. No geral, o movimento ainda não está ao registrado no nível pré-pandemia, em 2019, mas está próximo de 80%. “Este é um público muito importante para nós, recebemos aproximadamente 5 mil turistas por mês, por meio de excursões, que não abrem mão de fazer compras. É uma movimentação muito interessante”, afirma o superintendente do Centro Fashion, André Vajas. Ele ressalta que não há como aferir a quantidade de turistas que chegam por outras vias de transporte, como Uber, táxi ou ônibus, sinalizando que a quantidade de visitantes é ainda maior.

Segundo ele, os dados são fruto também do trabalho que é feito junto às agências de viagens. “A cidade é o destino, mas está no planejamento do turista quando vem para Fortaleza visitar o Centro Fashion, que entrou no circuito como uma das rotas principais”, reforça.

Mais do que uma rota turística em razão das praias, das comidas típicas e das belezas naturais, Fortaleza possui também uma rota de compras que contempla tradicionais pontos da cidade. Além dos shopping centers, do Centro Fashion, do Mercado Central e da Feirinha da Beira-Mar, um deles é o tradicional corredor comercial da avenida Monsenhor Tabosa que, muito embora tenha passado por dificuldades, não perdeu o charme e a vocação para o comércio.

Estratégia

“Temos conversado com sindicatos do setor para pensar estratégias específicas para esse tipo de turismo. O aumento da movimentação é fruto da retomada da economia, que vem com muita força, depois dos impactos negativos que tivemos em todas as atividades econômicas por conta da pandemia de covid-19. Pessoas estão gastando mais dentro do Brasil, em razão do impulsionamento do turismo doméstico, já que a retomada das viagens internacionais ocorre de forma mais lenta”, destaca o secretário de Turismo de Fortaleza, Alexandre Pereira.

Emprego e renda

O economista Fábio Castelo Branco, membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), observa que o turismo de compras gera emprego e renda.

“Movimenta a economia de forma muito importante, uma vez que traz capital e consumo de outras localidades para a cidade, no caso de Fortaleza, fazendo com que a arrecadação aumente, as rendas se eleve e consequentemente a qualidade de vida das pessoas tenha melhor projeção. É um efeito dominó e um ciclo virtuoso da economia. O turismo de compras tem, sem dúvidas, grande representatividade no Produto Interno Bruto da cidade”, analisa.

Mudança de perfil: corredor aposta em mais serviços

Hoje, 180 lojas fazem parte da avenida Monsenhor Tabosa (Foto: Edimar Soares)

A presidente da Associação dos Lojistas da Avenida Monsenhor Tabosa (Almont), Márcia Oliveira, diz que o tradicional corredor de compras de Fortaleza vem passando ao longo do tempo por uma mudança de perfil. “As pessoas hoje não veem só para procurar lojas de moda, mas serviços, escritórios, ateliê, clínica odontológica, pet shop, cafeteria. Aos poucos, esse perfil foi mudando e tem sido muito positivo para nós a abertura desse leque de novas oportunidades. O movimento  está bom e a tendência é aumentar ainda mais. O comércio de turismo ainda é muito forte aqui. Todos os dias, recebemos muitos turistas”.

A avenida possui 900 metros de extensão, com 180 lojas em pleno funcionamento. A movimentação de clientes costuma ser maior no segundo quarteirão, entre as ruas Dom Joaquim e João Cordeiro. “Temos uma excelente localização e, aos poucos, a economia está sendo retomada, a partir do avanço da vacinação contra a covid-19. Todos os meses, temos registrado a abertura de novas lojas, muito embora algumas ainda estejam fechadas”, observa.

Incentivo

O titular da Secretaria de Turismo de Fortaleza, Alexandre Pereira, reforça que a Prefeitura tem conversado com sindicatos ligados ao comércio da capital cearense para pensar estratégias específicas para o turismo de compras.

“Na cadeia turística, com suas dezenas de atividades, esse é um segmento de muito interessante e importante para fortalecer a economia da nossa cidade. O turismo de compras precisa ser ser mais incentivado, pois Fortaleza possui vocação muito grande para indústria têxtil, moda, e temos muitos outros polos que podem contribuir para a geração de emprego e renda. Esse tipo de turismo atrai também pequenos e médios comerciantes de outros estados brasileiros, que vêm para fazer turismo, é claro, mas também para comprar. É realmente um nicho importante a ser explorado, por isso, estamos olhando para esse área com mais atenção”, afirma.

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