Aumento progressivo na taxa básica de juros, que deve chegar a 6% até o fim deste ano, e crescimento do PIB, também estimado na casa dos 6%, trazem horizonte de rentabilidade para diversos tipos de ativos, afirmam analistas de mercado
Giuliano Villa Nova
economia@ootimista.com.br
O comportamento da economia, desde o início da pandemia, apresentou uma característica comum, dentro e fora do Brasil: as condições – favoráveis ou não – podem mudar muito rapidamente, dependendo de um conjunto de fatores sociais e políticos. Esse panorama de incertezas contempla também os investimentos, que podem variar muito, em termos de segurança e de retorno do montante aplicado. Entretanto, as perspectivas dos analistas para o segundo semestre deste ano são promissoras, com indicadores de melhora nos mais diversos segmentos, principalmente em razão do avanço da vacinação e do maior controle da covid-19.
“O mercado trabalha com a perspectiva de crescimento da economia brasileira de 6% até o fim do ano, período em que o dólar deverá fechar abaixo dos R$ 5. Esses fatores, somados ao crescimento da economia em geral, da agricultura, das commodities, da indústria e do comércio, fazem com que se tenha uma perspectiva de redução do desemprego. São fatores muito positivos para se pensar em investir, de maneira mais responsável e com boa rentabilidade”, projeta o economista Vicente Férrer, membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE).
De fato, na edição mais recente do boletim Focus, do Banco Central, a previsão, em trajetória ascendente há 12 semanas, indica que a economia brasileira vai crescer 5,26% neste ano. “A perspectiva para o segundo semestre é bem melhor do que a dos primeiros seis meses. No Brasil, um ponto a ser observado sempre é o cenário político, principalmente por conta das eleições do ano que vem, cada vez mais próximas”, pondera Matheus Sales, sócio da M7 Investimentos. “Mesmo assim, para quem decidir fazer investimentos, as condições devem ser favoráveis”, ressalta.
Renda fixa ou variável
Em razão do aumento da taxa de juros – projetada na casa dos 6,6% até o fim do ano –, as perspectivas para as aplicações em renda fixa se tornaram favoráveis, aponta Matheus Sales. “A Selic chegou a 2% ao ano, bem abaixo da inflação. Com o avanço do processo inflacionário, o Banco Central tem feito aumentos recorrentes da taxa de juros. Com isso, os ativos de renda fixa tendem a se beneficiar e ter uma maior rentabilidade no decorrer do ano”, afirma o sócio da M7 Investimentos.
No entanto, os que optarem pelos ativos de renda variável não devem se arrepender. “O panorama também é positivo, com o enfraquecimento da pandemia, e traz mais previsibilidade para os negócios. Com a reabertura gradual, espera-se que esse tipo de investimento tenha uma boa performance no decorrer de 2021, e também para o próximo ano”, observa Matheus Sales. “Em relação ao mercado de capitais, as empresas, de maneira geral, estão investindo, por isso as perspectivas para o Brasil são muito positivas. Temos um cenário muito interessante para que se possa aplicar nesses ativos”, reforça Vicente Férrer.
Dólar
De acordo com Matheus Sales, o dólar é outro tipo de investimento que pode ser interessante para o aporte de recursos no segundo semestre. “Como teremos eleições no próximo ano, isso pode ocasionar uma forte instabilidade na economia, dependendo do resultado, trazendo forte volatilidade para o mercado, principalmente no de renda variável, ações e fundos imobiliários”, destaca. “Dessa forma, adotar uma posição em dólar traz mais segurança para o investidor, diminuindo a volatilidade pelo aumento do câmbio. É um elemento importante, em uma carteira de investimentos”, reforça.
Confirmando algumas projeções, as criptomoedas – principalmente o Bitcoin – começam a enfrentar dificuldades no mercado global, com desvalorização significativa nas últimas semanas, em razão de barreiras impostas pelos governos de alguns países. Ainda assim, dependendo do perfil do investidor, a moeda digital pode fazer parte da carteira de produtos, desde que seja um aporte bem pequeno. O problema que as criptomoedas enfrentam também trazem oportunidades. Vimos ativos como o Bitcoin saírem de um pico de US$ 66 mil e serem cotados hoje a US$ 33 mil. É uma oportunidade, mas um risco muito alto”, alerta Matheus Sales.
“Penso que, no momento, as criptomoedas não sejam o tipo de investimento mais interessante, porque as pessoas estão muito desconfiadas, não existe ainda uma legislação bem definida a respeito desse tipo de ativo. E nesse momento da crise da pandemia, diante do recomeço da recuperação econômica, é importante ter cuidado ao máximo com esse tipo de ativo”, reforça Vicente Férrer.
Para ele, o mais prudente, no atual contexto, é a diversificação dos investimentos. “Como o momento é de difícil previsão em todos os seus aspectos, é importante que o investidor diversifique ao máximo a sua carteira de investimentos. Fazendo um leque de opções ele aumenta as chances de, ao final, não ter perdas e sim, grandes receitas”, aconselha o economista.
“É fundamental ter prudência nesse momento. As perspectivas são as melhores possíveis para a economia no segundo semestre, e também para 2022, mas é importante procurar investir naqueles ativos que sejam palpáveis, que tenham uma certa segurança. E também buscar um especialista para receber a orientação necessária, no sentido de conseguir o melhor retorno possível”, observa o conselheiro do Corecon-CE.
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