Economia

Pela primeira vez em cinco anos no Brasil, taxa Selic deve alcançar dois dígitos nesta quarta-feira (2)

Novo aumento será divulgado no fim do dia pelo Copom do Banco Central. Hoje em 9,25% ao ano, taxa básica de juros deve subir para 10,75%, de acordo com projeções do mercado. Escalada prejudica processo de recuperação econômica do País

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Crisley Cavalcante
economia@ootimista.com.br

O ano de 2021 não foi fácil para o consumidor brasileiro. Não bastassem os desafios da pandemia de covid-19, com juros em alta, investimentos e consumo ficaram ainda mais escassos, prejudicando o processo de retomada econômica no País. Para 2022, a previsão não é muito diferente. Começou ontem a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) para definir a taxa básica de juros (Selic), que deve, pela primeira vez em quase cinco anos, atingir os dois dígitos, subindo de 9,25% para 10,75%. O anúncio ocorre ainda hoje.

De acordo com o Boletim Focus do BC, divulgado nessa segunda-feira (31), a expectativa é que a Selic feche 2022 em 11,5% ao ano. Principal instrumento para controle da inflação no Brasil, a taxa continua em processo de escalada, após passar mais de cinco anos estável, chegando, inclusive, ao menor patamar da história em 2019 ao ano (2%).

Novos aumentos

Na avaliação do economista Lauro Chaves, membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), a ala da Selic deve persistir por mais uma ou duas reuniões do Copom, porque está atrelada ao aumento da inflação.
“A inflação deve começar a ceder já no fim deste semestre, dependo da incerteza do debate político e dos conflitos da geopolítica mundial, como é o caso da Rússia e Ucrânia, entre outros. Além disso, temos sempre que estar alerta quanto a possíveis novas ondas de covid-19, que podem levar a impactos na economia mundial, o que não é o esperado”, diz.

Segundo ele, “a taxa de juros vem sendo feita de forma ativa e muitos dos economistas já acreditam que, devido ao patamar no qual ela se encontra hoje, não deveria mais estar experimentando novos aumentos, pois a nossa inflação tem muito mais característica de custos do que inflação de demanda. Assim, quando a taxa de juros atinge patamar excessivo, passa a ser muito prejudicial à atividade econômica”, observa.

Controle da inflação é principal desafio

De acordo com a meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não deveria ultrapassar os 5% neste ano. O centro da meta é de 3,5%, mas a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo permite que o índice varie entre 2% e 5%. No último Boletim Focus, porém, o mercado financeiro estimou avanço de 5,38% nos preços em 2022.

“Como a estratégia adotada pelo Banco Central para controle da inflação é apenas monetária, o arrefecimento não vem ocorrendo de forma efetiva, pois o problema da alta nos preços é só de demanda, por isso existe expectativa de que, nesse direcionamento, o Banco Central continue elevando a taxa ao longo do ano, podendo passar de 12%. Se houver retrocesso do processo inflacionário no segundo semestre, pode ser que haja redução desse percentual na reta final de 2022”, afirma Ricardo Coimbra, membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE).

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