Economia

Comércio cearense aposta nos últimos meses do ano para aumentar vendas

Período conhecido como B-R-O-Bró, os últimos quatro meses do ano trazem importantes datas para o setor, como Dia da Criança, Black Friday, Natal e, na capital cearense, o Fortaleza Liquida. Expectativa é de faturamento 5% maior ante 2020

Nos meses finais do ano, setor espera recuperar boa parte das perdas causadas pela pandemia (Foto: Edimar Soares)

Giuliano Villa Nova
economia@ootimista.com.br

Crescimento dos índices inflacionários, alta de juros, falta de determinados componentes nas indústrias, interrupção do pagamento dos auxílios emergenciais. Este ano tem trazido diversos desafios para o comércio varejista, na tentativa de recuperar as perdas sofridas ao longo da pandemia. Apesar desses e outros entraves, o setor tem uma boa expectativa de vendas para os quatro meses finais do ano, período conhecido como B-R-O-Bró.

“O nosso faturamento será maior em até 5% comparado com o ano passado, de um modo geral, no comércio de bens e materiais de construção. O volume de vendas, infelizmente, será menor, porque existe uma inflação caminhando paralelamente à falta de produtos e escassez de matéria-prima. Mas nossa expectativa é de aumento nas vendas, também porque o dinheiro novo, vindo do 13º salário, pode fazer a economia voltar a crescer”, diz Cid Alves, presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas).

Assis Cavalcante, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), confia nas datas festivas que ainda serão comemoradas neste ano, além de ações promocionais, para aquecer as vendas do comércio. “O Dia da Criança é uma grande data para os comerciantes e o Natal, também. Se conseguirmos alavancar as vendas em setembro, teremos um resultado melhor para o mês de outubro e novembro, porque dezembro tradicionalmente já é um bom mês para vendas”, observa, lembrando também da importância da Black Friday para o setor.

Com o objetivo de impulsionar as vendas de setembro, mês em que tradicionalmente o movimento diminui, a CDL promove o Fortaleza Liquida, campanha de descontos no comércio da Capital para incentivar o consumo. “O Fortaleza Liquida tem o objetivo de incrementar as vendas no segundo semestre, fazendo o consumidor comprar aquele produto que ele tinha vontade, mas não podia, por causa do preço, e o varejista se capitalizar, para estar mais preparado para dezembro”, explica. “Essa ação será um termômetro importante, mas estamos otimistas: no ano passado, tivemos cerca de 3.500 lojas participantes. Neste ano, já são mais de 5 mil”, compara Assis Cavalcante.

Recuperação

Ainda que o desempenho do comércio e da economia em geral fique abaixo do apresentado em 2019, antes da pandemia, é possível que os meses finais do ano tragam chances de recuperar parte das perdas sofridas desde o início da crise sanitária, afirma o economista Wandemberg Almeida, membro do Conselho de Economia do Ceará (Corecon-CE).

“O Cadastro Geral de Empregados (Caged), do Ministério da Economia, mostra que as contratações têm aumentado, especialmente no Ceará. Mais emprego traz mais renda e mais vendas, com melhores resultados para o setor varejista e mais confiança para alcançar uma recuperação mais rápida”, avalia.

Para ele, o ritmo mais acelerado da vacinação no Ceará pode favorecer os planos de aquecimento do comércio. “As pessoas estão voltando a circular com mais intensidade, graças ao aumento da vacinação. Além disso, temos o incremento do comércio eletrônico, que continua muito forte. Outro fator é que nos meses finais do ano há um movimento maior na economia, em razão das contratações temporárias. Tudo isso leva a crer que teremos um fim de 2021 muito positivo para o comércio e para o próprio mercado brasileiro, com possibilidade de crescimento acima de 5% da atividade econômica”, acredita Wandemberg Almeida.

Shoppings

Alguns dos maiores shopping centers estão também otimistas com os resultados até dezembro. “O varejo cearense vem tendo uma retomada econômica importante após o segundo período de lockdown e o shopping tem obtido bom resultados de vendas nos últimos dois meses, com crescimentos acima de dois dígitos se compararmos com o mesmo período de 2019 e 2020. Associada a essa retomada, tivemos diversas inaugurações de lojas relevantes e exclusivas, e temos previstas novas lojas até o fim deste do ano. Nossa expectativa é fechar o ano com crescimento em fluxo e vendas se compararmos com os dois últimos anos”, analisa Wellington Oliveira, superintendente do Shopping Iguatemi.

“A expectativa é de crescimento de, aproximadamente, 30% em relação ao ano de 2019, período antes da pandemia. No mês de julho, comparado com igual período de 2019, as vendas cresceram 10% no RioMar Fortaleza e 20% no RioMar Kennedy”, afirma Gian Franco, superintendente do RioMar Fortaleza.

Foco no cliente pode impulsionar segmentos mais procurados

Roupas, acessórios, perfumes e eletroeletrônicos formam o quarteto de ouro do comércio varejista no fim do ano. Tradicionalmente, esse é o conjunto de produtos mais procurado pelos consumidores e, neste ano, a demanda deve se repetir. “No Ceará, existe a vocação natural para o setor de confecções, que só não está indo melhor em virtude da falta de matéria-prima, de material principalmente no setor de aviamentos e tintas para tecidos. Mesmo assim, o segmento de confecções deve estar entre os mais procurados, junto com o de eletroeletrônicos, já que as pessoas procuram trocar os equipamentos, como celulares e computadores”, estima Cid Alves, presidente do Sindilojas.

Mas se todos os comerciantes investirem nos mesmos produtos, o que pode ser o diferencial das vendas? Wandemberg Almeida observa que os empreendedores que souberem trabalhar bem seu público-alvo e investirem na qualidade do atendimento podem ter resultados ainda melhores.

“Cada vez mais, o comércio precisa se reinventar para atender o público da melhor forma. É importante que o empresário saiba exatamente quem é seu segmento de consumidor, para fazer um trabalho mais direcionado. Com isso, ele pode conseguir um impulso maior das vendas. Quando ele dá uma atenção ao relacionamento com o cliente, pode aproveitar esse momento de reaquecimento e oferecer bons produtos e serviços. Outro ponto vital é ter uma equipe mais qualificada, que possa atender bem, tanto no presencial quanto no virtual”, orienta o economista. “Se antes o comércio estava restrito ao bairro ou à cidade, agora, com os meios digitais, é possível se atender a um público bem maior. E isso necessita de funcionários bem qualificados”, reforça o membro do Corecon-CE.

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