Economia

Ceará abre 10.324 novas empresas no mês de julho e registra crescimento de 12%

Desempenho reforça ritmo de recuperação da economia cearense, cuja abertura de empresas já havia avançado 45,7% no primeiro semestre, em relação a igual período de 2020. De janeiro a junho, foram 55.775 novos negócios, segundo a Jucec

Setor de serviços foi o que mais abriu empresas no Ceará, seguido do comércio e da indústria (Foto: Edimar Soares)

Giuliano Villa Nova
economia@ootimista.com.br

Uma das formas de se verificar o aquecimento e a dinâmica econômica de uma localidade é a quantidade de empresas que entram no mercado, em determinado período. Nesse quesito, o Ceará tem mais um indicador positivo, com o aumento de 12% na abertura de negócios em  julho deste ano, ante igual período de 2020. O número, que marca o sétimo mês seguido de crescimento, saltou de 9.211 para 10.324, segundo dados da Junta Comercial do Estado do Ceará (Jucec).

De acordo com os analistas, esse desempenho consolida o ritmo de recuperação da economia cearense, que já havia tido um primeiro semestre positivo na abertura de novos negócios: de janeiro a junho, foram 55.775 constituições – 45,75% a mais que o observado em igual período do ano passado.

“Esses dados mostram o processo contínuo de consolidação e de retomada das atividades econômicas no Estado do Ceará, e a busca por empreender novos negócios. Trata-se de algo muito importante neste momento de recuperação em que estamos”, avalia Ricardo Coimbra, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE).

“A tendência é que tenhamos um cenário bem positivo para os próximos meses deste ano, com a continuidade do processo de crescimento da economia. Porque várias empresas, durante a pandemia, principalmente do comércio e serviços, fecharam as portas. E agora existe a perspectiva de um recomeço, com o surgimento de novos negócios e vagas de empregos”, reforça o economista.

Setores em alta

O setor de serviços foi o que abriu mais empresas no Ceará no mês passado, com 5.501 novos registros, seguido pelo comércio (3.802) e pela indústria (1.021). Entre as atividades mais registradas, a de comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios ficou em primeiro lugar, com 1.281 aberturas, à frente do segmento de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal (876) e bebidas (667).

Para o vice-presidente da Jucec, Caio Rodrigues, os números são bastante animadores para o mercado cearense. “São indícios de que a economia do Estado está retomando a sua força, fruto de um trabalho muito comprometido dos órgãos governamentais, por meio da Sedet (Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho) e Jucec, com a melhoria do ambiente de negócios, com a desburocratização do processo de abertura de empresas e de uma maior facilidade na hora de formalizar os novos negócios”, avalia.

Perspectiva

Ricardo Coimbra afirma que a perspectiva para os meses finais do ano é muito boa e que o movimento de abertura de empresas deve seguir em alta. “Para este segundo semestre, a expectativa é muito boa, talvez na casa dos 20% de aumento, em relação ao que já tivemos de janeiro a julho. É um cenário promissor, que pode ajudar a alavancar a recuperação da atividade econômica no Estado, e quem sabe o crescimento da economia cearense em torno de até 6%”, projeta Ricardo Coimbra.

Em julho, Fortaleza ficou em 1º lugar entre os municípios cearenses com mais constituições de empresas, com 4.723, seguido de Caucaia (419) e Juazeiro do Norte (368). As extinções somaram 3.168 no mês passado e 2.529, em julho de 2020, aumento de 25%.

MEIs se destacam na abertura de novos negócios e enfatizam empreendedorismo por necessidade

Entre as aberturas de empresas em julho no Ceará, um dos destaques foram os microempreendedores individuais (MEIs), responsáveis por 8.615 registros, ou 83% do total de novas empresas. No primeiro semestre do ano, esse mesmo tipo de empreendimento totalizou 46.951 registros, o equivalente a 84% das aberturas feitas na Jucec. De acordo com o economista Ricardo Coimbra, esse percentual expressivo está ligado ao empreendedorismo por necessidade.

“O surgimento de novos negócios, principalmente pequenas e médias empresas, está relacionado à busca de novas oportunidades, e muitas vezes surgem como uma atividade complementar para aqueles que já estão no mercado de trabalho. Mas ocorre também em razão da crise econômica e da necessidade de renda das pessoas, dado o elevado índice de desemprego. Nesse cenário, ganha importância a busca por empreender ou fazer algo que já se tenha potencialidade de produzir, comercializar ou gerar algum tipo de serviço”, analisa o presidente do Corecon-CE. “Por isso, os programas de incentivo, não só em âmbito federal, como estadual e municipal, vêm contribuindo no fortalecimento do surgimento de pequenos negócios”, observa.

Para ele, esses empreendimentos podem ajudar a mitigar os índices de desemprego no Ceará – que, de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingiu 15,1% da população do Estado no primeiro trimestre do ano.

“O surgimento de novos negócios deve ajudar a diminuir a taxa de desemprego, não só por aqueles que estão desempregados, e empreendendo, mas também pelo fato de, muitas vezes, no curto prazo, eles possam gerar empregos. Por isso, é um cenário positivo, que pode ter a redução das taxas de desemprego e de desalentados”, ressalta.

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