Economia

Aeroporto de Fortaleza recupera metade da movimentação de passageiros e voos pré-pandemia

De janeiro a setembro deste ano, passaram pelo terminal 2,5 milhões pessoas, em 22,9 mil aeronaves. Número representa, respectivamente, 49,07% e 52,1% da movimentação observada antes da pandemia de covid-19, segundo dados da Fraport

No acumulado deste ano, o crescimento em relação a igual período de 2002 é de 18,1% na quantidade de passageiros (Foto: Beatriz Bley)

Giuliano Villa Nova
economia@ootimista.com.br

Com o avanço da vacinação contra a covid-19 e o aumento da oferta de voos, o Aeroporto de Fortaleza já recuperou, de janeiro a setembro deste ano, praticamente a metade do movimento de passageiros e aeronaves, em relação ao período pré-pandemia. Passaram pelos terminal 2.595.612 pessoas, em 22.916 aeronaves, o que representa, respectivamente, percentuais de 49,07% e 52,1%, na comparação com os nove primeiros meses de 2019 – que registrou 5.292.042 passageiros e 43.984 aviões.

Os dados divulgados pela Fraport Airport, administradora do aeroporto, demonstram que a recuperação dentro do mês de setembro também é considerada positiva, ante igual período do ano passado: foram 360.059 passageiros e 2.816 aeronaves, aumentos de 80,4% e 39,6%.

“Esse crescimento se deve, principalmente, à retomada das atividades econômicas. Era uma recuperação esperada, diante do crescimento da demanda por todas as companhias aéreas. Mas, às vezes, os números mostram que um aumento da atividade econômica resulta em uma recuperação mais significativa dos voos para o eixo do Nordeste e, consequentemente, para Fortaleza”, analisa o economista Ricardo Coimbra, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE).

Para Adalberto Febeliano, professor de economia do transporte aéreo, os índices registrados pelo Aeroporto de Fortaleza confirmam a tendência identificada ainda no fim de 2020, reforçada pelo avanço da vacinação contra o novo coronavírus. “Em dezembro, já estávamos com uma boa taxa de recuperação, em torno de 75% da volta do tráfego, e o que derrubou os números em janeiro e fevereiro foi a segunda onda. Agora, que temos o processo de imunização funcionando e os números de casos e óbitos caindo consideravelmente, é natural que as pessoas queiram viajar de novo”, observa.

Saúde pública

Wilton Daher, conselheiro consultivo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Ceará (Ibef-CE) ressalta também a atuação dos gestores públicos para esse resultado. “O Governo do Estado e a Prefeitura de Fortaleza são muito organizados, no sentido de um gerenciamento atento com relação às regras sanitárias. Isso tem favorecido muito o Ceará. Basta lembrar que, no início da pandemia, o Estado e a Capital eram um dos focos da pandemia no País. Depois esse quadro de reverteu, em razão do conhecimento sobre o vírus e das medidas de ordem sanitária adotadas pelos órgãos públicos”, aponta.

No acumulado deste ano, o crescimento em relação a igual período de 2020 é de 18,1% na quantidade de passageiros e de 10,8% do total de voos. “Estamos vendo uma boa recuperação do movimento, com dados nem muito abaixo nem aquém do projetado. Na medida em que a vacinação avançar, acima da taxa de praticamente 50% da população completamente imunizada, a tendência é que os índices melhorem ainda mais até o fim deste ano”, reforça Wilton Daher.

Adalberto Febeliano lembra que o tráfego internacional pode trazer o impulso definitivo para a recuperação dos índices pré-pandemia. “Por enquanto, estamos falando do tráfego doméstico, o tráfego internacional ainda esta amarrado por muitas restrições de viagem e não vai retomar tão cedo. Em novembro, existem perspectivas de liberação do tráfego para os Estados Unidos. Então, esperamos que mais países façam o mesmo, para que sejam retomados plenamente os movimentos anteriores”, afirma.

Condições macroeconômicas podem prejudicar preços das passagens

Influenciado pelas condições macroeconômicas brasileiras, o custo das passagens no País deve ser um dos principais gargalos para a retomada do setor aéreo. O problema foi reconhecido pelo próprio ministro do Turismo, Gilson Machado, na 2ª Reunião Extraordinária do Fórum de Mobilidade e Conectividade Turística (MOB-Tur), realizada na quinta-feira (14) em Brasília.

A instabilidade do câmbio e as altas taxas de juros estão entre os fatores que estão elevando a composição de preços das viagens e pacotes turísticos, inclusive do custo do combustível aéreo: um alerta feito também pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que apontou  um crescimento de 91,7% no valor do querosene para aeronaves, no segundo trimestre deste ano, ante igual período do ano passado. Cerca de 51% dos custos com combustível têm como base a moeda norte-americana.

“O Brasil está vivendo o que alguns economistas chamam de ‘tempestade perfeita’, com problemas no câmbio, na elevação da taxa de juros e na retomada da inflação de maneira vigorosa. Trata-se de um cenário difícil de se debelar, porque está relacionado com os custos de produção. É algo que o governo tem que agir com cautela e vigor para evitar um mal maior”, analisa Wilton Daher.

Ainda assim, Ricardo Coimbra projeta que o setor poderá superar os desafios e seguir recuperando os índices pré-pandemia, ao longo deste e do próximo ano. “Como o setor turismo foi um dos últimos a se recuperar, junto com o do entretenimento, e tende a estimular a atração de novos pacotes aéreos e turísticos, existe uma perspectiva muito interessante na melhoria do segmento ao longo de 2021 e 2022. Deve ser um dos que apresentará crescimento mais efetivo, conforme ocorra a queda dos casos de covid-19, a flexibilização mais efetiva das atividades e o número significativo de vacinados, já tendo doses de reforço para parcela da população”, diz.

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